Sexta-feira, 9 de Janeiro de 2009

7 meses, 22 dias e algumas horas depois...

 

 

Cito-me:

 

Quando a guerra acabar...

 

Os braços estarão cansados, as veias dilatadas, a voz rouca

As folhas de jornal estarão gastas de notícias banalmente repetidas

Os serões serão frios e esguios

Daremos conta que as chamas ardentes e corrosivas foram estintas pelo silêncio

Quando esse dia chegar nos bolsos não restarão mais pedras e o olhar carregará a desconfiança que trava a abertura e o altruísmo

No rosto restará a foligem, nas mãos a profundidade de rios que não escoam, o sangue viajará contra a corrente

Nesse dia já ninguém recordará a terra que um dia foi fértil, em que um dia se semeou

Seremos apenas dois soldados de roupas gastas e rotas

No tacto farpas cravadas impedem o sentir

Por dentro, se descermos o túnel que nos leva dentro de nós encontraremos, no lugar do coração, cacos do que outrora se construiu e se pensou para sempre

 

 

Quando a guerra acabar, quando esse dia chegar...

 

 

... à nossa volta reinará a destruição movida pelo egoísmo, pelo argulho desmedido que deitou a baixo o sonho, o mesmo sonho... ou... seremos apenas dois estranhos de uma mesma história habitantes de um olhar distante...

 

(25.03.08 before Amsterdam)

 

 


afteramsterdam às 23:51
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