O sábado é, de facto, o dia em que vem ao de cima o lado positivo da vida, mesmo sem sol, é possível cantar "always look on the bright side of life".
Este dia da semana é sempre aquele dia demorado que permite acordar um bocadinho mais tarde, ficar numa esplanada, ler um livro, escrever-te com tempo e pensar...
... na forma em como acredito na felicidade, em como este é, para mim, um estado de estar e não um estado de ser. Ou seja, eu não acredito verdadeiramente na felicidade, mas acredito em momentos de felicidade, de pequenos detalhes, sopros...
Imagine-se um comboio que viaja hoje pelas linhas da nostalgia, que só o são porque um dia foram dias felizes, breves momentos. As estações representam essa ambição breve de estar feliz na viagem que é a vida.
Obrigado por teres comparecido em muitas dessas estações, mesmo que efemeras!
Na maioria das comédias romanticas que assisti, quando se dá o fim de uma relação a rapariga sofre profundamente durante uma, vá lá, no máximo duas semanas.
Durante a primeira semana todas as rotinas e necessidades básicas são substituídas pelo choro e exílio debaixo dos cobertores, em casa, vê filmes romanticos a preto e branco e imagina como seria a sua história se tivesse aquele final feliz... chora... chora... chora... Não atende o telefone e é bem capaz de passar um dia ou dois sem ir trabalhar.
Na segunda semana aparece a brigada do chocolate (as amigas), com a missão do salvamento da vítima, levam um kit de sobrevivência que inclui um verniz, uma roupa nova, 3 bilhetes para o teatro, um mandato de captura com base num decreto lei qualquer barra não sei quê, que lhe mostre que ela é "uma mulher fantástica"!... e pronto!
A vítima é uma nova mulher, volta a calçar sapatos de salto alto, a caminhar de cabeça erguida... enfim... fecha a porta daquele quarto, encerra o capítulo, vira a página.
Eu não díria que ela deva bater a porta, porque também esse quarto e o seu conteúdo comporta o que somos, que não é mais do que o que fomos, vivemos, rimos, chorámos, sofremos... e tudo isso merece o nosso respeito (penso eu).
O problema surge quando, como no meu caso (atenção que não estou a vitimizar-me, é apenas uma reflexão como todas as outras), o luto se perpetua durante meses e meses sem que haja um funeral, uma incineração, é uma despedida permanente que amputa o presente e o futuro. O dia a dia passa a representar um círculo, como aquelas rodas das gaiolas dos hamsters. A vida converte-se numa recordação agridoce permanente entre o que aconteceu, o que poderia ter sido e não foi, o que tivemos e perdemos e assim gastamos as nossas energias.
Baloiço entre o sim e o nada, numa cadência invisível
Saboreio o vento que outrora me beijou o cabelo, sinto-lhe um travo a tudo, a nada
Fico suspensa entre o amor e a indiferença
Sustenho a respiração
Abandono-me, deixo de sentir os pés na terra
Atiro-me para fora de pé numa oscilação, sem que ouça rodar a chave para lado nenhum
Não me pertenço
Obedeço
O medo está por perto, empresto-lhe um pouco de mim
Olho linhas escritas no cèu... para quê? pergunto-me
Só queria parar este escrever que me acorda e me abala o sossego, que me deixa neste vai e vem
Já é hora de voltar, os ponteiros marcam um depois necessário, um virar de página, um desvio para a vida
Quando despertei e deixei de te ter comigo, julguei que a minha vida terminava... que os dias não mais passariam... e houve alguns que demoraram anos a passar!
Obviamente, os dias passaram... pouco ou nada se alteraram... a minha vida, de uma forma ou outra, continuou... continuei a sentir um vácuo enorme, em mim, mas, isso, em momento algum fez com que a minha existência terminasse...
Os dias continuam a passar... a vida segue o seu rumo... outros dias virão... novos rumos serão traçados (projectos e artimanhas para poder chegar-te, dizer-te "olá, estou aqui! e continuo a amar-te todos os dias")
A cada amanhecer procuro motivos para sorrir, para querer viver, ser feliz, partilhar...
Contudo... nunca viverei a vida em pleno, porque parte de mim está contigo e contigo permanecerá para sempre...
A minha alma pertence-te desde o momento em que te disse, pela primeira vez, que te amava...
Não era apenas o amor que proclamava, era o caminho para a minha alma que te abria... e, apesar de tudo, percorreste-o... e, muito embora, tenhas partido, a minha alma ficou cravada a ti... e o caminho desapareceu atrás dos teus passos...
Não são conjunturas, devaneios ou suposições o que aqui escrevo... é a verdade pura que percorre a minha vida, que me sustenta e me faz manter acesa a luz, ainda que me tenhas deixado no escuro!
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